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Estação de anilhagem da Quinta da Atalaya

Localizada em Alcochete é um dos vários locais onde o Grupo de Anilhagem do Estuário do Tejo (GAET) realiza a captura e a anilhagem científica de aves selvagens na margem esquerda do estuário do Tejo. A estação situa-se no salgado da Ribeira das Enguias, junto a um antigo moinho que servia para bombar água entre os tanques das salinas, e utiliza uma antiga casa do motor (quando a bombagem passou a ser propulsionada por um motor a combustão) como suporte à sua atividade.

O local foi descoberto no decurso de censos de aves aquáticas, quando a viatura onde seguia avariou o que permitiu explorar o seu potencial para a anilhagem. Só anos mais tarde, foi desmatado o que permitiu criar um trilho entre a casa do motor, recuperada pelo grupo na primavera de 2016, e as duas linhas de redes de anilhagem mantidas até à atualidade.

Estação de Anilhagem da Quinta da Atalaya em Alcochete

As linhas de anilhagem, que perfazem um total de 141 metros, localizam-se no interior de antigos tanques de salinas, inundados para a pesca de camarão designado localmente de camarinha (Palaemonetes varians). A variação dos níveis de água e da salinidade ao longo do ano, permite o desenvolvimento de caniço (Phragmites australis) e várias espécies de plantas halófitas, como a sarcocornia (Sarcocornia sp.) e a salicórnia (Salicornia ramosissima) e nos muros que limitam os tanques, as salgadeiras (Atriplex halimus). Estes antigos tanques são ladeados por valas de água e terrenos agrícolas que nos últimos anos se tornaram em horticulturas intensivas. A área é utilizada ainda para o pastoreio de cavalos que controlam o crescimento da vegetação.

Desde o início da sua atividade, em novembro de 2015, têm sido desenvolvidos os programas de monitorização de aves nidificantes (PEEC), de aves invernantes (MAI) e, de

forma mais irregular, sessões de anilhagem durante o período migratório. Até ao momento foram capturadas 8693 aves de 77 espécies, entre as espécies mais capturadas encontram-se a felosa-comum (Phylloscopus collybita, 3168 aves) no inverno e o rouxinol-pequeno-do-caniços (Acrocephalus scirpaceus, 1469 aves) na primavera.



Face ao elevado número de felosas-comuns capturadas nas primeiras horas do dia durante os meses de inverno, sabemos agora, que esta área constitui um importante dormitório para a espécie no estuário do Tejo. De entre as várias espécies capturadas, de salientar, a anilhagem de uma felosa-pálida (Iduna opaca) em julho de 2021, um dos raros indivíduos anilhados em Portugal, a felosa-sombria (Phylloscopus fuscatus), a felosinha-triste (Phylloscopus collybita tristis) ou narceja-galega (Lymnocryptes minimus).

Das 2527 aves recapturadas, 14 aves possuíam uma anilha estrangeira, sendo os locais de anilhagem localizados sobretudo no Reino Unido (43%), Bélgica (21%) e França (14%).


O esforço de anilhagem na estação está dependente dos vários membros e voluntários que o GAET tem acolhido ao longo dos anos, o que permitiu realizar sete campanhas do PEEC e outras sete do MAI. Muitos dos voluntários são estudantes universitários, mas não só, que aproveitam a dinâmica e o conhecimento do grupo para aperfeiçoarem a técnica de anilhagem e utilizarem esta ferramenta no decurso dos seus projetos de mestrado ou de doutoramento na área da ecologia.Em nome do GAET um grande obrigado a todos os que continuam ou já passaram pela estação.


Mais informações sobre a Estação de Anilhagem da Quinta da Atalaya e atividades do GAET podem ser encontradas em http://tagusringinggroup.weebly.com/

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