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Estação de Anilhagem do Parque Biológico de Gaia


É em plena selva urbana que subsiste este oásis, designado Parque Biológico de Gaia (PBG), localizado nas freguesias de Avintes e Vilar de Andorinho do concelho de Vila Nova de Gaia. É neste local que há já quase 16 anos, iniciados em Outubro de 2006, o grupo de anilhagem GVC, esta sedeado e desenvolve um projeto de monitorização regular (2 dias por mês – 1º e 3º sábados) que compreende a Estação de Anilhagem do PBG. Este espaço natural foi inaugurado em 1983 com apenas 2 hectares, ampliado para os atuais 35 em 1990, estando prevista uma nova ampliação de mais 20 a ocorrer num futuro próximo.


É um parque urbano, com características muito especiais que o tornam único e ímpar na realidade lusa. Assim, caracteriza-se essencialmente por flora autóctone onde sobressaem ao nível arbóreo, o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o amieiro (Alnus glutinosa), o salgueiro-negro (Salix atrocinerea), o castanheiro (Castanea sativa), o sobreiro (Quercus suber) e o pinheiro-bravo (Pinus pinaster). No que diz respeito aos arbustos imperam as silvas (Rubus sp.), o sabugeiro (Sambucus nigra), as giestas (Genistiae) e as urzes (Ericaceae). Fruto desta elevada diversidade florística, o PBG tem uma grande variedade de habitats, onde prevalecem os florestais e ripícolas (nas margens do Rio Febros, que o atravessa), matagais, pinhais, pastagens e zonas agrícolas.

Esta multiplicidade de habitats justifica a elevada biodiversidade, sendo possível encontrar mais de 70 espécies de aves, das quais 30 nidificam no parque, 18 de mamíferos, 14 de répteis e anfíbios, 9 de peixes e largas dezenas de invertebrados, a que se somam 300 de plantas espontâneas que nele vivem em total liberdade. Possui ainda um centro de recuperação de fauna selvagem que já devolveu à natureza mais de 10.000 animais recuperados.


É neste especial contexto de riquíssima biodiversidade urbana que está implantada a estação de anilhagem permanente do PBG tutelada pelo GVC. O esforço de anilhagem incide sobre os habitats predominantes no PBG, procurando retratar de modo fiel a realidade diversa, com 4 linhas principais: duas estão em habitat florestal/ripícola, uma florestal/agrícola e uma linha de rede numa elevação com um matagal de urzes, giestas e tojo. As espécies mais capturadas incluem: a toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla), o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), o melro (Turdus merula), a carriça (Troglodytes troglodytes), o verdilhão (Chloris chloris), o chapim-real (Parus major) e o chapim-carvoeiro (Periparus ater). Importa ainda referir que o grupo detém o recorde mundial de longevidade da Trepadeira-comum (Certhiabrachydactyla) com um indivíduo adulto anilhado no parque em 2008, e aqui controlado em 2015, sete anos depois, 2548 dias (com diversos controlos nos anos intermédios), e, portanto, com pelo menos 8 anos. O anterior recorde era de 5 anos e nove meses da República Checa. Igualmente em janeiro de 2016 foi recapturada uma toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla), anilhada em outubro de 2015 em Antuérpia (Bélgica).


No que ao GVC diz respeito, é um grupo tutelado por 2 anilhadores credenciados com vasta experiência, que desenvolve atividade sobretudo no Norte e Centro litoral de Portugal, nos distritos do Porto, Aveiro e Viana do Castelo. É um dos principais grupos de anilhagem a nível nacional, e o mais ativo na região Norte, com importância na monitorização de populações de aves, assim como na formação de novos anilhadores (atualmente mais de 10 elementos a receberem formação avançada tendo já formado muitos outros) e na educação ambiental pois todas as sessões realizadas no PBG são abertas ao público. Colaboram com outros grupos e projetos de anilhagem apresentando uma forte ligação às Universidades do Porto e de Aveiro com quem cooperam frequentemente. E muitos dos voluntários e novos formandos são provenientes destas instituições. O GVC já produziu diversos relatórios, artigos científicos e de divulgação, bem como recebeu estágios académicos, como resultado da sua dinâmica e motivação para a conservação da biodiversidade.

Aproveitamos para agradecer publicamente aos inúmeros voluntários que ao longo de todos estes anos estiveram e/ou continuam envolvidos. Aguardamos pela Vossa visita e que nos venham conhecer in loco. E estamos disponíveis para qualquer colaboração ou projeto para o qual entendam desafiar-nos. Estão todos desde já convidados a virem a uma das nossas sessões.

Podem ver mais sobre o grupo e as suas atividades na página Web e na página de Facebook do mesmo:


Autor: Coordenador do GVC e da EEC do PBG Rui Brito.





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